quarta-feira, 2 de maio de 2012

O Escândalo da Cruz



Na antiguidade, a cruz, por ser um instrumento de condenação à morte, era um sinal de maldição (Gl 3,13). Depois que Jesus morreu nela por nós, a Cruz se tornou um sinal de honra e bênção. A partir de então, sob diversas formas, a Cruz é colocada na coroa dos reis, nas medalhas, condecorações, no alto das Igrejas, nas montanhas que circundam as cidades para abençoá-las, na campa dos falecidos, nas caravelas, nas bandeiras, etc.

Após as dez grandes perseguições romanas aos primeiros cristãos, o Imperador Constantino, antes da batalha contra Maxêncio, teve uma visão da Cruz com a inscrição: “com este sinal vencerás!”. Constantino mandou então colocar o sinal da Cruz em todos os estandartes e escudos romanos, venceu a batalha da ponte Mílvio (312) e deu liberdade aos cristãos, pondo fim às perseguições. A estação de comboio em Roma, próxima ao local desta batalha, chama-se exactamente “Lábaro”. A inscrição de Constantino, com o cristograma e a cruz, recebeu o nome de “lábaro de Constantino”. Desde então tem sido interpretado por todos como um símbolo de cristandade.

São Paulo Apóstolo diz que o resumo da sua pregação, o cristianismo, era Cristo crucificado: “Nós proclamamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos” (1 Cor 1, 23). Ele se refere ao “escândalo da Cruz” (Gl 5, 11), porque, realmente, muitos dela se escandalizavam. E não só. Muitos a odiavam: “Há muitos por aí que se comportam como inimigos da cruz de Cristo” (Fl 3, 18). O ódio à cruz, o incómodo pela cruz, o escândalo da cruz, referem-se à Cristo. É Ele que incomoda, é a sua doutrina, é a sua lembrança que incomoda. É por isso que os atuais “inimigos da cruz de Cristo” não querem vê-la.

Ademais, a presença de crucifixos nas salas de julgamento dos Tribunais, conforme explica o jurista Paulo Brossard, é para lembrar “alguém que foi acusado, processado, julgado, condenado e executado, enfim, injustiçado até sua crucificação, com ofensa às regras legais históricas, e, por fim, ainda vítima da pusilanimidade de Pilatos, que, tendo consciência da inocência do perseguido, preferiu lavar as mãos e, com isso passar à história…O crucifixo está nos tribunais não porque Jesus fosse uma divindade, mas porque foi vítima da maior das falsidades de justiça pervertida… Pilatos ficou na história como o protótipo do juiz covarde…”. Sendo assim, por lembrar Jesus e a sua doutrina e a ignomínia do pecado e da injustiça, a cruz realmente incomoda! Ao diabo e a muitos também.

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