Na
antiguidade, a cruz, por ser um instrumento de condenação à morte, era
um sinal de maldição (Gl 3,13). Depois que Jesus morreu nela por nós, a
Cruz se tornou um sinal de honra e bênção. A partir de então, sob
diversas formas, a Cruz é colocada na coroa dos reis, nas medalhas,
condecorações, no alto das Igrejas, nas montanhas que circundam as
cidades para abençoá-las, na campa dos falecidos, nas caravelas, nas
bandeiras, etc.
Após
as dez grandes perseguições romanas aos primeiros cristãos, o Imperador
Constantino, antes da batalha contra Maxêncio, teve uma visão da Cruz
com a inscrição: “com este sinal vencerás!”. Constantino mandou então
colocar o sinal da Cruz em todos os estandartes e escudos romanos,
venceu a batalha da ponte Mílvio (312) e deu liberdade aos cristãos,
pondo fim às perseguições. A estação de comboio em Roma, próxima ao
local desta batalha, chama-se exactamente “Lábaro”. A inscrição de
Constantino, com o cristograma e a cruz, recebeu o nome de “lábaro de
Constantino”. Desde então tem sido interpretado por todos como um
símbolo de cristandade.
São
Paulo Apóstolo diz que o resumo da sua pregação, o cristianismo, era
Cristo crucificado: “Nós proclamamos Cristo crucificado, escândalo para
os judeus e loucura para os pagãos” (1 Cor 1, 23). Ele se refere ao
“escândalo da Cruz” (Gl 5, 11), porque, realmente, muitos dela se
escandalizavam. E não só. Muitos a odiavam: “Há muitos por aí que se
comportam como inimigos da cruz de Cristo” (Fl 3, 18). O ódio à cruz, o
incómodo pela cruz, o escândalo da cruz, referem-se à Cristo. É Ele que
incomoda, é a sua doutrina, é a sua lembrança que incomoda. É por isso
que os atuais “inimigos da cruz de Cristo” não querem vê-la.
Ademais,
a presença de crucifixos nas salas de julgamento dos Tribunais,
conforme explica o jurista Paulo Brossard, é para lembrar “alguém que
foi acusado, processado, julgado, condenado e executado, enfim, injustiçado até sua crucificação, com ofensa às regras legais históricas,
e, por fim, ainda vítima da pusilanimidade de Pilatos, que, tendo
consciência da inocência do perseguido, preferiu lavar as mãos e, com
isso passar à história…O crucifixo está nos tribunais não porque Jesus
fosse uma divindade, mas porque foi vítima da maior das falsidades de
justiça pervertida… Pilatos ficou na história como o protótipo do juiz
covarde…”. Sendo assim, por lembrar Jesus e a sua doutrina e a ignomínia
do pecado e da injustiça, a cruz realmente incomoda! Ao diabo e a
muitos também.
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